domingo, 11 de setembro de 2016

Vin...de... Vi...da

To cansado de lágrimas
To desgastado de soluços
Exausto de consolos
Quero felicidade...
Quero...
Cadê?
Não se esconde
Vem pra mim
Vem comigo
Vem me ajudar
Vem tirar meus suspiros
Vem ser meu sonho
Vem ser meu sorriso...
Tira meu desespero
Tira o que não quero fazer
Me traz
Me traz
Traz
Vem
Vim
Vem
Vi
Dá pra mim
Dá vi
Vem mi dá
Dá vi
Vem me dá
Vem me dar
Vem me dar vida....
A poesia não está nas palavras
No vocabulário formal
No concreto 
Ou no explícito
Pois é implícita 
Abstrata
Que navega e reside
No horizonte
Nas ondas de cada olhar.

O outro lado do aniversário



Eu odeio fazer aniversário... Nao sei se é trauma, mimo, frescura, ansiedade ou depressão
Sei que odeio... 
Espero muito...Espero pouco
E sempre espero mais que devia...
Esse dia resume meus dias num só
Regado de antagonismos, convergências, colisões de sentimentos, conflitos de conflitos...
É um suco de arrepios, massa de angústias
De esperanças e ceticismos....
Mas hoje me sinto sorridente, ao menos.
Vejo cada vez mais estrelas no céu
Vejo cada vez mais o céu
Repleto de escuridão
Repleto de vazios
Centralizado de uma lua cegante e maravilhosa
Centralizado de sentimentos como os meus...
Estou acompanhado... Vejo meu reflexo
Na escuridão do céu, no brilho de cada olhar-estrela
Regado de alguns brilhos de esperança
E um egocentrismo que me aconchega
Me ilude... Mas
Precisa de autocrítica
Precisa ser repensado
Precisa se deixar ir....

Conexão inexistente

Conexão desconexa 
Convergente em divergências
Repleta de reflexos
De réplicas imperfeitas do real
Ilusória
Faminta por falsas lembranças
Louca, embriagada, regada de teatros
Nada supérflua
Sonhada fora dos sonhos
Trilhada por trilhos tortuosos
Captada
Sentida
Vivida
Em cada olhar
Em cada segundo
Em cada suspiro
Refletindo o reflexo do meu viver
Um reflexo tão distante
Sombra do que não se vê
Um reflexo do inexistente.
Foto: Robin Cerutti


Um reflexo azulado
Mesclado de outros tons
Alcoolizado
Amamentado de passageiros prazeres
Numa sombra de angústia
Num olhar jogado no horizonte
Perdido em si
Viajante
Em uma fumaça dissipativa de sorrisos
Pensamento
Caminhando no nada
Flutuando em sons que levam
Ao passado, presente
Delineando o futuro
E sentindo
O não sentir
Sentindo o vazio
O impossível
O distante
O irreal
Sentindo o sentir
Sentindo
O tudo.




Arco-íris levita
Na incerteza das certezas
E colore
As sombras dos resquícios
Enaltece
Os passos esquecidos
Dá vida
Ao que já foi enterrado
Vislumbra
O que era invisível
E torna irrefutável
O que já era fim.

Despertar


                        “Reminiscência Arqueológica do Ângelus de Millet”, Salvador Dalí



O mundo adormece
Na madrugada calada...
Desperto
Ao olhar das estrelas
Num sonho
De uma criança perdida
Vivendo
Uma vida inteira em alguns segundos
E morrendo
Nesse ciclo contínuo
Ao despertar do mundo.